Minha cabeça dói, meus olhos estão pesados, na mais rápida piscada que der eu caio no sono. Mas não posso dormir, não enquanto não chegar em casa, mas o problema é que não sei onde fica. Não posso dormir aqui pois há demônios á espreita, esperando para atacar e sugar toda a vida que me resta. O quarto está escuro, sujo, o papel de parede velho está descascando e caindo, flutuando levemente antes de tocar o chão coberto por um carpete cinza empoeirado. O quarto está vazio, com exceção de um grande espelho posicionado no centro da sala, bem á minha frente. Odeio esse espelho e como ele me reflete, é como se acentuasse os defeitos. Fico de cabeça baixa sentada em um canto evitando olhar o reflexo distorcido de mim mesma e tentando lembrar como vim parar aqui. Foi como se o quarto se materializasse á minha volta com o tempo, me aprisionando e afastando das pessoas... Mas quando foi que isso começou? Minha cabeça dói ao tentar lembrar, borrões de um passado, de uma vida que não parece a minha vêem á minha mente. Estremeço, em parte culpa das assombrosas lembranças apagadas e também culpa da porta aberta, o ar que entra é gelado, morto. É a única saída, mas a escuridão á frente da porta me assusta, e tenho medo de sair. O que poderia haver depois da escura incerteza? Um lindo campo florido e iluminado, quente e perfumado, cheio de possibilidades e felicidade? Ou talvez só houvesse um grande abismo infinito, onde cairia para sempre arrependida de ter saído do quarto. Levanto a cabeça, fito meu reflexo, a eu do espelho sorri, e ao fazê-lo percebo que estou sorrindo também, com um pulo e uma expressão assustada, percebo algo que ainda não notara:o que há depois do espelho é real, o reflexo sou eu.
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Seu texto é de arrepiar. Não só pela "aura" sombria presente em cada palavra, mas porque já me senti assim (imagino que todos já devem ter se sentido). Uma falta de vontade que se confunde com o medo de sair para o mundo. Tem dias que até encarar nossa própria pessoa nos assusta. Mas então, depois da dor, a recompensa: o reencontro do "eu". Muito bom!
ResponderExcluirhttp://naosouumbolinhodearroz.blogspot.com
Flor, adoro tudo o que você escreve, creio que tenha muito a ver com o meu blog e o conteúdo dele (O Tumba Cerrada).
ResponderExcluirSe quiser fazer parceria, vou adorar! Seu blog é lindo e me lembra contos de fadas *-*
Mil beijinhos!
Tumba Cerrada
Shyxaua's Káah
Você escreve super bem. Foi como se eu visse o tal quarto à minha volta durante a leitura. Em especial os demônios à espreita, dão calafrios no leitor.
ResponderExcluirMuito bom!
obs: a sua fonte é Century Gothic, não é? Ainda prefiro a clássica verdana, mas acho linda.
Obrigada *.* a fonte é Century Gothic sim, queria mudar um pouco kk
ExcluirFiquei encantada com a forma como voce escreve viu :)
ResponderExcluirbjs
naquelemomentoeujuro.blogspot.com
Seu texto é encantador, tem um toque de medo e ao mesmo tempo audacia. Escreve muito bem.
ResponderExcluirMuito legal,bonito texto Profundo
ResponderExcluirbjss
blog-polllyanna.blogspot.com
Eu entendi o seu texto, até chegar aqui "o que há depois do espelho é real, o reflexo sou eu." Eu me pergunto o que você quis dizer com isso, eu penso em várias coisas. Eu já me senti assim. E na verdade, eu me sinto assim. Toda vez que resolvo viver, sinto essa angústia do: o que me espera lá fora? Tem vezes que é um belo jardim. Tem vezes, que é realmente o abismo. Essa coisa clichê que todo mundo conhece, e que ainda assim, assusta. Adorei o texto, adorei!
ResponderExcluireu-cotidiano (perfil)
Que lindo, quem nunca pro um mononte não viveu na escuridão, sem nenhuma perspectiva né
ResponderExcluirbeijos
Adorei essse texo! Não sei ao certo dizer o que (e acho que foi isso que me deixou arrepiada), mas a aura sombria, o jeito que você descreve a incerteza que é viver, OMG, é tão fascinate :) Confesso, tô com uma pitada de inveja, haha. Amei!
ResponderExcluirBeijos
fellinwonderland.blogspot.com.br